Continuo a publicação do Curso de Escrita de Guião, que pode ser encontrado no meu site joaonunes.com.
Mostra-me um herói e eu escrevo-te uma tragédia. — F. Scott Fitzgerald
Cada argumentista tem a sua abordagem própria à criação de uma estória. Alguns começam o processo a partir de uma situação ou ideia de enredo; outros arrancam com base num personagem ou dilema íntimo; outros ainda tomam como ponto de partida um palco, um universo específico para a ação decorrer.
Na prática, logo que a narrativa começa a avançar, esses três pólos começam a influenciar-se mutuamente – as voltas do enredo obrigam o personagem a revelar-se-se; as características e escolhas do personagem definem a evolução da estória; e o palco escolhido estabelece as regras e os limites em que tudo isso acontece.
Seja qual for a abordagem preferida, uma coisa é certa: todo o guionista, mais tarde ou mais cedo, terá de dedicar uma parte considerável do seu tempo à concepção e caracterização dos personagens que povoam a sua história. E quanto mais cedo o fizer maior será a coerência da obra final.
COMO CRIAR UM PERSONAGEM
Alguns autores, a que poderíamos chamar “mecanicistas”, defendem que os personagens devem ser criados apenas em função das necessidades estritas da estória. Ou seja – se queremos que um personagem faça uma determinada coisa num determinado momento, por conveniência do enredo, então devemos dar-lhe as características necessárias para poder fazer essa coisa.
Por exemplo, se queremos que num determinado momento o personagem tenha uma atitude corajosa, devemos criá-lo de raíz com essa característica.
Segundo este raciocínio um personagem seria então apenas a soma das características necessárias e suficientes para que os seus comportamentos dentro da nossa narrativa sejam possíveis, lógicos e coerentes. Tudo o resto seria dispensável e não passaria de conversa fiada.
Consigo compreender este ponto de vista, apesar de não concordar totalmente com ele.
Dado que num guião apenas podemos escrever aquilo que é visível e audível, ou seja imagens e sons, acções e palavras, estes autores defendem que não precisamos de definir para os nossos personagens características que não tenham reflexo ou manifestação no filme sob uma dessas formas.
Por exemplo, não adianta nada definir o nosso protagonista como profundamente católico se em momento nenhum da estória as suas opções religiosas forem relevantes ou tiverem oportunidade de se manifestar.
Só concordo com esta perspetiva num aspecto, e pela negativa: não podemos dar aos nossos personagens características que os impeçam de fazer qualquer coisa que seja importante para a nossa narrativa.
Por exemplo, se é fundamental que a certa altura da estória um determinado personagem leia uma carta, seria absurdo começar por caracterizar esse personagem como sendo analfabeto.
Esta abordagem mecanicista tem, contudo, várias desvantagens. Ao definir um personagem apenas em função das características necessárias para um enredo pré-determinado, arriscamo-nos a dar-lhe traços contraditórios e incoerentes entre si, apenas porque são convenientes para a nossa estória.
Além disso, com esta abordagem perderemos muita da riqueza do processo criativo.
É verdade que, normalmente, quando começamos a escrever um guião temos uma ideia de aonde queremos ir, e de como vamos chegar lá. Mas um personagem bem conseguido, rico, verdadeiro, leva-nos frequentemente, no decurso da escrita, a encontrar soluções e caminhos alternativos. Em última instância, pode até levar-nos a alterar pontos importantes da estória, ou mesmo o seu desfecho.
O ideal é que, ao fim de algum tempo a escrever um personagem, encontremos não apenas a sua voz, mas também a sua personalidade real.
Quando o conseguimos, passa a ser evidente qual deve ser o seu comportamento face a cada situação em que o colocamos. Começamos a sentir que ele não diria isto ou aquilo, ou que não tomaria esta ou aquela decisão.
É nesse momento que sabemos que criámos um personagem convincente.
RADIOGRAFIA DE UM PERSONAGEM
Em cada manual de argumento aparecem métodos diferentes para criar um personagem. Todos eles devem ser apenas entendidos como formas de nos ajudar a sistematizar alguns aspetos do processo da sua concepção; não são, de forma alguma, substitutos para o verdadeiro trabalho de criação.
Esse processo criativo será sempre baseado na nossa sensibilidade, imaginação, experiência e conhecimento do comportamento das pessoas reais.
De qualquer forma, proponho de seguida algumas etapas para fazer a radiografia de um personagem que estejamos a criar. Basicamente, através de decisões sobre as suas características físicas, sociais e psicológicas.
As Características Físicas
Quando o nosso personagem entrar em cena, no filme ou episódio de televisão, os espectadores verão imediatamente as suas características físicas: é homem ou mulher, novo ou velho, alto ou baixo, gordo ou magro, louro ou moreno, enérgico ou pachorrento.
Estas características vão depender essencialmente do ator escolhido para o interpretar, e muitas vezes até nem vão respeitar aquilo que escrevemos no guião. Se um produtor tiver acesso a uma estrela para desempenhar um determinado papel pode optar por ela, mesmo que seja diferente – mais velha ou mais nova, mais alta ou mais baixa, mais gorda ou mais magra – do que o personagem como nós o definimos.
Por exemplo, o ator escolhido para interpretar o personagem de ficção literária Jack Reacher no cinema foi a estrela internacional Tom Cruise. Dado que Reacher é descrito nos livros como um tipo louro com um metro e noventa de altura e cento e vinte quilos de peso, é fácil perceber que esse casting foi muito imaginativo. Mas os produtores, entre os quais se encontra o próprio Cruise, terão considerado que as vantagens da sua fama global compensariam largamente a distorção de algumas características importantes do personagem.
Já na série televisiva da Amazon Prime, o ator Alan Ritchson, escolhido para esse mesmo papel, apresenta características físicas muito mais parecidas com o personagem original, o que compensa a sua menor fama e com certeza agradou mais aos fãs dos livros.
Na maior parte dos casos essas diferenças são insignificantes – raramente será crucial para a nossa estória que um determinado personagem seja louro, ou tenha exactamente 25 anos.
É por isso que, sempre que seja possível, devemos limitar ao mínimo as descrições dos personagens. Uma frase curta e incisiva, bem escolhida, que crie uma impressão forte do tipo físico do personagem, é normalmente quanto basta. Se conseguirmos apresentar os personagens em acção, definindo-os logo pelo seu comportamento, tanto melhor.
Vejamos alguns exemplos:
A aparição da Irmã Aloysius, em Doubt, guião de John Patrick Shanley.
Vemos o hábito de uma freira surgir perto do rapaz e então a freira dobra-se para lhe sussurrar.
A IRMÃ ALOYSIUS APARECE BEM PERTO DO ROSTO DO RAPAZ.
A sua face está oculta pelo boné negro. Roda a cabeça para o rapaz e é revelada pela primeira vez. Os seus olhos são diamantes. É assustadora.
IRMÃ ALOYSIUS
Põe-te. Direito.
A entrada em cena de Christine, em Changeling, guião de J. Michael Straczynski.
Um despertador de baquelite atinge as 06:30 e TOCA. CHRISTINE COLLINS, trintas, atrativa, despenteada, ENTRA EM QUADRO para desligá-lo.
A primeira aparição de Speedman, em Tropic Thunder, guião de Ethan Cohen, Ben Stiller e Justin Theroux.
UMA TUNDRA ARDENTE PÓS-APOCALÍPTICA… E UM HOMEM… que a atravessa, atraente, em tronco nu, musculoso, de óculos escuros, carregando UM BEBÉ num braço e um LANÇA-CHAMAS no outro… é a estrela internacional CHRIS MICHAEL SPEEDMAN... há uma EXPLOSÃO gigante atrás dele… e nem um piscar de olhos.
Como se pode apreciar nos exemplos anteriores, uma frase concisa, meia dúzia de palavras bem escolhidas, é quanto basta para ficarmos com uma ideia do nosso personagem. Teremos todo o resto do guião para aprofundar a sua caracterização, conforme for necessário.
Isto não quer dizer que, para nós mesmos, como trabalho para casa, não façamos uma descrição muito mais completa e detalhada.
Há quem goste de ir o mais longe possível nesta exploração, incluindo todos os pormenores de que se consiga lembrar. Normalmente, quanto mais aprofundarmos este trabalho mais profundidade e realismo damos ao personagem, nem que seja porque isso nos força a pensar nele - a conviver com ele.
Obviamente, a atenção que dedicamos a cada personagem deve ser diretamente proporcional à sua importância na estória.
O protagonista deve merecer-nos a maior atenção, naturalmente, logo seguido pelos restantes personagens relacionais – o antagonista, os aliados; as relações românticas; etc. Mas não há nenhum personagem, por mais insignificante que seja, que não deva ser merecedor da nossa atenção.
Vejamos, para resumir, uma pequena lista de aspetos a considerar para a radiografia física dos nossos personagens:
Sexo
Idade
Constituição física
Saúde
Cor de pele, olhos, cabelos
Postura
Movimentação
Aparência física
Traços marcantes
Limitações físicas
As Características Sociais
Sem querer entrar numa discussão filosófica que dura há séculos - natureza ou educação - creio que todas as pessoas são determinadas pelo seu meio e origens pelo menos tanto quanto pelas suas características físicas.
É pois muito importante darmos grande atenção ao enquadramento social dos personagens e ao seu passado, aquilo a que nos manuais americanos se chama a sua “backstory”.
Devemos pensar nos vários círculos em que se move o personagem.
Em que família nasceu e que família tem agora? É aristocrata, classe média, agricultor ou proletário? Subiu na vida, desceu na vida, ou mantém-se igual desde sempre?
Quais são as suas principais relações? Trabalha, em quê? Com quem? Estuda ou estudou – o quê?
Está envolvido na sua comunidade? Frequenta a igreja? O ginásio? O bar?
Tem hobbies? O que faz nos tempos livres – lê, ouve música, faz exercício, vai ao cinema? Sozinho ou acompanhado?
São imensas as questões que podemos colocar e quantas mais respondermos, mais profundamente vamos conhecendo os nossos personagens.
A questão do “backstory”, por exemplo, é fundamental. Quanto mais soubermos do passado do nosso personagem, mais profundamente o vamos entender.
No entanto, é preciso ter uma coisa em atenção: o fato de termos pensado longamente sobre a infância do nosso personagem não quer dizer que devemos encher o nosso guião com flashbacks de episódios do seu passado. A maior parte daquilo que pensámos não vai nunca aparecer na narrativa. É, contudo, um adesivo que dá coerência e substância à estória e se vai refletir na riqueza dos nossos personagens.
Quando Hannibal Lecter, em O Silêncio dos Inocentes, faz uma descrição apurada de Clarisse – o perfume, os sapatos práticos que contrastam com a mala de qualidade, o sotaque trabalhado para disfarçar a origem social -, isso só é possível porque o autor pensou profundamente na “backstory” desse personagem. Neste caso o guionista teve a ajuda do romancista original, que dissecou exemplarmente as características físicas, sociais e psicológicas de Clarisse. À falta dessa ajuda, compete-nos a nós, guionistas, fazer esse trabalho.
Uma característica social muito importante e que não devemos esquecer é o nome do nosso personagem: chamar-se Manuel Maria de Albuquerque e Santana não é o mesmo que chamar-se Wellington dos Santos; chamar-se Maria Fernanda pode denunciar uma idade diferente da de uma Kátia Cristina.
Nos Estados Unidos há sites que permitem procurar os nomes mais populares em cada época; em Portugal não conheço nenhum instrumento semelhante, mas esse tipo de reflexões deve inspirar-nos na escolha dos nomes do nossos personagens.
Uma consideração prática em relação aos nomes é a preocupação para não termos muitos nomes parecidos. Não ajuda nada ao leitor de um guião se alguns personagens se chamarem Alípio e Olímpio, ou Adérito e Américo, ou Amélia e Amália.
Além disso, se usarmos para a escrita do guião um programa como o Final Draft, que tem inserção automática de personagens, tudo fica mais fácil se os personagens tiverem nomes diferentes.
Vejamos, então, uma pequena lista de aspectos a considerar para a radiografia social dos nossos personagens:
Nacionalidade
Nome
Classe
Educação
Ocupação
Ambiente familiar
Religião
Opções políticas
Relação com a comunidade
Hobbies
Tempos livres
As Características Psicológicas
Deixei para o fim desta breve análise a radiografia psicológica dos personagens, porque é aquele aspecto em que a escrita para cinema e audiovisual mais se distancia da literatura.
Enquanto que num romance podemos mergulhar profundamente nos meandros da mente de cada personagem, dissecando as suas memórias, as suas sensações, as suas emoções, num filme estamos limitados por aquilo que é possível ver e ouvir na tela.
As características psicológicas de um personagem não são cognoscíveis por análise direta, mas apenas indiretamente, através da observação dos seus comportamentos e ações, escolhas e decisões. Nunca esquecendo que as palavras são também uma forma de agir e influenciar e, como tal, servem para mostrar a massa de que um personagem é feito.
Como já vimos antes, um personagem é definido pelas escolhas que faz em cada momento, e pelas ações e palavras através das quais manifesta essas escolhas. Como o acima citado F. Scott Fitzgerald também escreveu, na senda do que Aristoteles já preconizava milénios atrás, “Ação é carácter”.
Ação é carácter. — F. Scott Fitzgerald
Do quarteto “pensamentos e palavras, atos e omissões” das nossas orações, o guionista encontra-se limitado aos três últimos para definir os seus personagens; os pensamentos ficam sempre fora de cena. A única forma de conhecer os pensamentos de um personagem é através do recurso a vozes sobrepostas, o “voice over”, uma das técnicas menos cinematográficos que existem; quando estas são usadas para revelar aspectos psicológicos de um personagem, sem recurso à ironia, raras vezes o resultado é positivo.
Um dos principais fatores que definem psicologicamente um personagem são as suas motivações e objetivos, explícitos ou implícitos. Aquilo que o personagem quer alcançar – e todos devem querer alguma coisa – e aquilo que, bem no fundo, o personagem realmente precisa, mesmo que não tenha consciência disso.
Estas duas questões - o querer e o precisar do nosso personagem - são possivelmente as mais importantes que, em termos do funcionamento da estória, devemos responder.
Dito isto, é muito importante que façamos para nós mesmos uma descrição profunda das características psicológicas dos nossos personagens, mesmo que muitas delas depois não tenham reflexo direto no guião.
Que tipo de pessoa é? Que convicções, atitudes e preconceitos tem?
É corajoso ou cobarde? Ativo ou passivo? Cínico ou ingénuo? Sentimental ou frio?
Em que é que acredita? Do que é que gosta e não gosta? Qual é o seu maior sonho, e o seu maior medo?
Todas as pessoas têm um lado mais exposto, que gostam de apresentar ao mundo – o seu “lado solar”, por assim dizer – mas também um lado oculto, sombrio, que preferem esconder ou abafar, o “lado lunar” da canção de Rui Veloso e Carlos Tê.
Os nossos personagens não devem ser exceção. Devemos conhecer o lado negativo, a que por vezes se chama “a sombra”, até dos personagens mais positivos.
Na maior parte das vezes, se conseguirmos que este lado reprimido se manifeste de alguma forma na nossa estória, isso confere uma maior densidade e riqueza aos nossos personagens.
Como foi referido em relação aos aspectos físicos e sociais, quanto mais longe nós formos nesta análise psicológica, mais os personagens ganham com isso.
Um bom ator vai levar muito fundo este trabalho, por si mesmo, quando começar a trabalhar o seu personagem. Um realizador que não seja preguiçoso também vai fazer este tipo de análise e reflexões. Mas ambos começam esse trabalho mergulhando no que os guionistas deixaram escrito.
É por isso que nós, guionistas, como primeiros autores e criadores do guião, temos a obrigação de dedicar um tempo considerável a pensar no que define psicologicamente os nossos personagens.
Vejamos, por fim, uma lista não exaustiva de algumas características psicológicas a explorar na criação dos nossos personagens:
Qualidades
Defeitos
Sociabilidade
Grau de inteligência
Atitudes
Competências
Sonhos
Ambições
Objetivos
Medos
Frustrações
Dificuldades
Temperamento
Opções sexuais
Padrões morais
ESCREVER A BIOGRAFIA
Como já percebemos, encontrar as características físicas, sociais e comportamentais mais adequadas e interessantes para cada personagem contribui muito para o enriquecimento da estória. Isto aplica-se mesmo em relação aos personagens secundários, e até secundaríssimos, que contribuem muito para a satisfação que retiramos de um filme.
O argumentista inglês Richard Curtis, autor de 4 Casamentos e Um Funeral, entre tantos outros sucessos, é um mestre neste aspecto.
Quem não se recorda do naipe de personagens secundários que criou para Notting Hill, desde aqueles que aparecem com mais frequência, como o excêntrico flat mate de William, até aqueles que aparecem só uma vez, como o irritante e convencido namorado americano de Anna Scott.
(Nota para mim: ver este filme de novo; é delicioso).
Em minha opinião, a maneira mais prática de desenvolver o trabalho de criação de um personagem é escrever a sua biografia.
Esta pode ser mais ou menos desenvolvida e assumir várias formas: uma simples listagem das características dos personagens, conforme vimos anteriormente, ou um texto corrido, como um capítulo de um romance, em que os exploramos e descrevemos com mais profundidade. Entre uma dúzia de linhas e vinte ou trinta páginas, tudo é possível e depende apenas do estilo de cada autor.
Há outros exercícios possíveis nesta fase de exploração: por exemplo, um de que gosto particularmente é imaginar situações diversas e colocar o personagem dentro delas, para descobrir como se comportaria.
O que faria numa vernissage de uma exposição de arte contemporânea? E numa tasca?
Como se comportaria no funeral do seu pai? E no casamento do seu melhor amigo?
Que comportamento adotaria num jogo de futebol? E se estivesse no meio dos adeptos adversários?
Questões como estas, que só a nossa imaginação limita, podem ajudar-nos a encontrar as características dos nossos personagens, antes de os colocarmos perante as situações e dilemas “reais” da nossa narrativa.
Uma outra técnica, que já experimentei várias vezes, é imaginar um jornalista que entrevista o nosso personagem.
Esse repórter virtual vai descrevê-lo e colocar-lhe perguntas, como se fosse uma daquelas “entrevistas de vida” que enchem as revistas de fim-de-semana.
As respostas a essas questões, além de nos revelarem os aspetos concretos da vida do personagem, vão também ajudar-nos a encontrar a sua “voz”; a maneira como se exprime, o seu tom e estilo de comunicação, o vocabulário que usa, o ritmo das suas falas. Enfim, tudo aquilo que dá especificidade aos diálogos que iremos escrever para ele.
Alguns programas de escrita de guião têm módulos específicos para ajudar a definir os personagens. É o caso do CeltX, por exemplo.
Podem ser um ponto de partida útil, mas corremos o risco de ficar presos dentro de limites muito formatados. O mais importante é recordar que nenhum modelo, ou método, ou técnica, é substituto para a nossa intuição e imaginação.
É possível que, para muitos guionistas, estas análises não cheguem a ser passadas a escrito, e fiquem apenas nas suas cabeças. Diria até que, para os personagens menos importantes, é normal que assim seja.
Também será normal que nuns projetos se leve mais a fundo este trabalho do que noutros. Tudo depende de cada guionista, do seu método favorito e das condições de cada trabalho (tempo disponível, etc.).
Só o tempo e a experiência nos poderão dizer qual a solução mais adequada para cada um de nós, para cada personagem e para cada obra que escrevemos.
Exercício
Escreva a biografia de cada um dos seus personagens principais, descrevendo as suas características físicas, sociais e psicológicas e explorando os seus antecedentes (backstory).